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Eça de Queirós


Na apresentação à terceira edição do livro "O mistério da estrada de Sintra" (1947), Eça de Queiros e Ramalho Ortigão contam as circunstâncias em que o escreveram há 14 anos, um em Leiria, outro em Lisboa, "cada um de nós com uma resma de papel, a sua alegria e a sua audácia." Em dado momento, os autores apresentam as razões para autorizar a reedição desta obra que nasceu de uma combinação improvisada:

"Há mais duas razões para autorizar esta reedição. A primeira é que a publicação deste llivro, fora de todos os moldes até o seu tempo consagrados, pode conter, para uma geração que precisa de a receber, uma útil lição de independência. A mocidade que nos sucedeu, em vez de ser inventiva, audaz, revolucionária, destruidora de ídolos, parece-nos servil, imitadora, copista, curvada de mais diante dos mestres. Os novos escritores não avançam um pé que não pousem na pegada que deixaram outros. Esta pusilanimidade torna as obras tropegas, dá-lhes uma expressão estafada; e a nós, que partimos, a geração que chega faz-nos o efeito de sair velha do berço e de entrar na arte de muletas.
Os documentos das nossas primeiras loucuras de coração queimamo-los há muito, os das nossas extravagâncias de espírito desejamos que fiquem. Aos vinte anos é preciso que alguém seja estroina, nem sempre talvez para que o mundo progrida, mas ao menos para que o mundo se agite. Para se ser ponderado, correto e imóvel há tempo de sobra na velhice."
In O mistério da Estrada de Sintra, Obras Completas de Eça de Queiroz, volume XXVI, 1947, Livraria Lello & Irmão - Porto.



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