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Filmes baseados nos livros de Cornélio Pires

Muitos outros títulos de Cornélio Pires dariam saborosos filmes.

* Sertão em Festa, dirigido por Osvaldo de Oliveira em1970, baseado no livro "Meu Samburá".
* A Marvada Carne, dirigido por André Klotzel em 1985, baseado principalmente no livro “As estrambóticas aventuras de Joaquim Bentinho, o queima campo”, livro disponível no sebo Por todo canto LIVROS.

Os livros de Cornélio Pires

Cornélio Pires escreveu vários livros.

Pra dizer bem a verdade, a própria vida do Cornélio Pires daria um livro (ou um filme) e tanto. A seguir a relação dos livros publicados. 



Musa caipira, 1910

Versos, 1912

Versos velhos, 1912

Cenas e paisagens de minha terra, 1912

Monturo, 1915

Quem conta um conto..., 1919

Conversa ao pé do fogo, 1921

Estrambóticas aventuras de Joaquim Bentinho, o queima campo, 1924

Continuação das estrambóticas aventuras de Joaquim Bentinho, o queima campo, 1925

Tragédia cabocla, 1926

Patacoadas, 1926

Seleta caipira, 1927

Almanaque do Saci, 1927

Mixórdia, 1927

Meu samburá, 1928

Sambas e cateretês, 1932

Chorando e rindo, 1933

De roupa nova, 1933

Só rindo, 1934

Tá no bocó, 1935

Quem conta um conto... e outros contos (Coisas do passado), 1934

Enciclopédia de anedotas e curiosidades, 1945

Ondes estás, ó Morte!, 1944

Coisas do outro mundo, 1944

Três livros não chegou a publicar: Prosa fiada, Caipiradas e Meu filho voltou.

Os dois primeiros títulos desapareceram do hotel onde Cornélio Pires se hospedava em São Paulo. "Meu filho" seria sua biografia, perdida nas inúmeras viagens que escritor fazia habitualmente.

Cornélio Pires - O bandeirante do folclore paulista e o pai da música caipira

(adaptado de O Sacy, XXXV Semana Cornélio Pires,
de 20 a 28/08 (não consta ano), Tietê, São Paulo


[...] Tu, Cornélio, és um dos pouquíssimos que vão ficar. Há tantas verdades nos teus tipos, tanta vida, há tanto humanismo na tua obra, há tanta beleza e originalidade em teu estilo, que estás garantido: estás à prova do tempo que varre impiedosamente o que é medíocre. [...] Monteiro Lobato

Cornélio Pires nasceu em 13 de julho de 1884, no bairro de Sapopemba, na cidade de Tietê. Viveu seus quase 74 anos, em andanças, entre causos e música caipira.
Já no seu batizado ocorria um fato que como causo seria contado:
O padre Gaudêncio, amigo e parente da família, pergunta prestes a batizá-lo: "Qual vai ser o nome do menino?" Uma das tias presente à cerimônia e apaixonada por um tal Rogério, pensando em homenagear o amado, responde: "Rogério!" O padre Gaudêncio, já muito velho, não titubeia e... "Eu te batizo Cornélio Pires".
Lá pelas tantas, já um moço, apaixona-se pela Belinha e escreve ao pai da moça, pedindo-a em casamento. A resposta também veio por escrito:


"Sinhore Tuvúrcio.
Reçuvi a bóça. Tanho a dizer-lhe q. a rapariga não tain querere eu sou o dono da familha e não tanho q. dare satisfações, porque quando não qremos eu e a Jarônima ninguáin mais tem querere. Fasça seus bérços e trate de procurare oitra q. não tanha quaine zele.
Quem bérços faz na miséria morre. Biba!
J.Juzé Joaquim Preira."


Cornélio Pires volta para São Paulo, desiludido, a afogar na bebida as dores de amores. Acabou por perder o trabalho por falta de freqüência. Retorna a Tietê, dedicando-se à poesia e à vida boêmia. Não tardou a endividar-se. Deu satisfações aos seus credores por meio de um soneto, publicado no jornal "O Tietê":

CADÁVERES
A quem quiser a carapuça
Credores e credores!... mais credores!...
Tenho-os já de um cento muito perto...
e tive nos livrões título aberto.

A coluna do Deve (estou bem certo)
é cheia de algarismos de valores!
A do Haver... assemelha-se a um deserto!
Algarismos? Nem um! Só cobradores.

Correm a vista pelo plano branco
sem divisar sequer um habitante!
Só os cadáveres vêem... Sou franco.

Tanto... tanto e mais tanto... soma e segue!
Reconheço que devo já bastante,
mas vão cobrar ao diabo que os carregue.


Um precursor
Contando assim a sua vida, não faz parecer a importância que Cornélio Pires teve para a cultura caipira e, principalmente, para a música caipira. Sem dúvida, foi um precursor, tido como o primeiro produtor independente de discos da fonografia nacional e o único com selo exclusivo dentro de uma gravadora que não era sua. Mas vamos contar como isso se deu:
Em 1927 chegava ao Brasil a gravação elétrica e, no início de 1929, saíam os primeiros discos da Colúmbia. Nesse tempo, Cornélio Pires já era nacionalmente conhecido. Ao saber do lançamento dos primeiros discos, Cornélio procurou Dr. Alberto Jakson Byington Jr., propondo-lhe a gravação de anedotas e música regional paulista.
Dr. Byington não interessou-se pelo negócio e começou a colocar obstáculos. Primeiro, deu um preço elevado pela tiragem mínima de discos. Depois, exigiu o pagamento em dinheiro. Sem discutir, Cornélio saiu para voltar em breve com um pacote.
-- O que é isso? – pergunta Dr. Byington.
-- Abra e veja. – disse Cornélio.
Era dinheiro, muito dinheiro.
A primeira turma a ter gravada suas músicas, foram Mariano e Caçula, Zico Dias e Ferrinho, Arlindo Santana e Sebastiãozinho. Foram gravados seis discos, com tiragem de 5 mil cópias cada um. Uma tiragem espantosa e um sucesso absoluto.